quinta-feira, 27 de março de 2008

Gosto quando chego onde quero

Apesar da saudade e da dor do não ter, eu respiro e, respiro gratidão e felicidade por reconhecer sobretudo amor aqui dentro. Por mais "fechada" que esteja, este amor atrai mais amor, mais Bem, mais tudo o que desejo, e Alguém me chamou à atenção. Alguém, que faz parte do Bem, disse: "Abre!", respira, cresce, solta... É a atitude; lembra-te e marca-a. Não pela negativa, não... pelo Bem. Tens direito (tens o dever!); vive, feliz, sim.
Quando estava a chegar à Academia, reparei num cartaz de rua que dizia: "Gosto de chegar onde quero". E senti; logo agradeci o que me rodeia pelo que sou.
Tenho tanto para aprender... a ti, por hoje, Obrigada!

2 comentários:

Anónimo disse...

E foi então que apareceu a raposa:
-Bom dia,disse a raposa.
-Bom dia,respondeu polidamente o principezinho,que se voltou,mas não viu nada.
Eu estou aqui,disse a voz,debaixo da macieira...
-Quem és tu?perguntou o principezinho.Tu és bem bonita...
-Sou uma raposa,disse a raposa.
-Vem brincar comigo,propôs o principezinho.Estou tão triste...
-Eu não posso brincar contigo,disse a raposa.Não me cativaram ainda.
-Ah!desculpa,disse o principezinho.Após uma reflexão,acrescentou:
-Que quer dizer "cativar"?
-Tu não és daqui,disse a raposa.Que procuras?
-Procuro os homens,disse o principezinho.Que quer dizer "cativar"?
-Os homens,disse a raposa,têm fuzis e caçam.É bemincômodo!Criam galinhas também.
É a única coisa interessante que eles fazem.Tu procuras galinhas?
-Não,disse o principezinho.Eu procuro amigos.Que quer dizer "cativar"?
-É uma coisa muito esquecida,disse a raposa.Significa "criar laços...".
-Criar laços?
-Exatamente,disse a raposa.Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual
a cem mil outros garotos.E eu não tenho necessidade de ti.E tu não tens necessidade de mim.
Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas.
Mas se tu me cativas,nós teremos necessidade um do outro.Serás para mim único no mundo.
E eu serei para ti única no mundo...
-Começo a compreender,disse o principezinho...Existe uma flor...eu creio que ela me cativou...
-É possível,disse a raposa.Vê-se tanta coisa na Terra...
-Oh!não foi na Terra,disse o principezinho.
A raposa pareceu intrigada:
-Num outro planeta?
-Sim.
-Há caçadores nesse planeta?
-Não.
-Que bom.E galinhas?
-Também não.
-Nada é perfeito,suspirou a raposa.
Mas a raposa voltou à sua idéia:
-Minha vida é monótona.Eu caço galinhas e os homens me caçam.Todas as galinhas se parecem
e todos os homens se parecem também.E por isso me aborreço um pouco.Mas se tu me cativas,
minha vida será como que cheia de sol.Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros.
Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra.O teu me chamará para fora da toca,como se fosse música.
E depois,olha!Vês lá longe,os campos de trigo?Eu não como pão.O trigo para mim é inútil.Os campos de
trigo não me lembram coisa alguma.E isso é triste!Mas tu tens cabelos cor de ouro.Então será maravilhoso
quando me tiveres cativado.O trigo,que é dourado,fará lembrar-me de ti.E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
-Por favor...cativa-me!disse ela.
-Bem quisera,disse o principezinho,mas eu não tenho muito tempo.Tenho amigos a descobrir e muitas coisas
a conhecer.
-A gente só conhece bem as coisas que cativou,disse a raposa.Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa
alguma.Compram tudo prontinho nas lojas.Mas como não existem lojas de amigos,os homens não têm mais
amigos.Se tu queres um amigo,cativa-me!
-Que é preciso fazer?perguntou o principezinho.
-É preciso ser paciente,respondeu a raposa.Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim,assim,na relva.Eu te olharei
para o canto do olho e tu não dirás nada.A linguagem é uma fonte de mal-entendidos.Mas,cada dia,te sentarás mais perto...
No dia seguinte o principezinho voltou.
-Teria sido melhor voltares à mesma hora,disse a raposa.Se tu vens,por exemplo,às quatro da tarde,desde às três eu
começarei a ser feliz.Quanto mais a hora for chegando,mais eu me sentirei feliz.Às quatro horas então,estarei inquieta
e agitada:descobrirei o preço da felicidade!

- Antoine de Saint-Exupèry

Nuno Gusmão disse...

A tua presença é muito Bonita! Tu és uma pessoa muito bonita, por dentro e por fora.
Reconheci a mão bem marcada de uma escola por onde também passei e que me deixou, durante bastante tempo, essa mesma rigidez no corpo. Ao princípio achei que era parte da mensagem: Controlo! Com o tempo tenho ganho necessária distância para perceber que rigidez é rigidez. Controlo e outra coisa completamente diferente. No corpo do bailarino há controlo, no corpo do ginásta há controlo, no corpo do atleta de artes marciais há controlo. Ná performance do músico há controlo, na performance do actor há controlo. Controlo é arte, é docura, é facilidade, é leveza, é ... É tudo isso feito com muita dedicação, com muita atenção, com muita harmonia. Controlo, neste contexto, não significa espartilho, rigidez, sofrimento, robotização. Não se controla o corpo contrariando-o mas entendendo-o. Não se controla o corpo tensionando-o mas libertando-o. A arte do controlo é a arte da libertação do corpo, é a arte de levar graciosidade ao movimento, aos corpos.
Tu foste espartilhada numa forma que não condiz com o teu Ser. Foste fechada. E ainda assim és linda. Imagina quando tiveres toda a liberdade no corpo...
Beijo do Raposa